Saúde

Prevenir pedras nos rins pode ser apenas uma questão de mudar sua alimentação

Prevenir pedras nos rins pode ser apenas uma questão de mudar sua alimentação

Na década de 70, menos de 4% dos norte-americanos sofriam de cálculos renais. Nos anos 90, o valor subiu para mais de 5%. Hoje em dia, como as taxas de incidência das pedras nos rins continuam aumentando, estima-se que a doença afetará 1 a cada 10 adultos dos EUA em algum ponto de suas vidas, geralmente entre seus 20 e 50 anos.

Na maioria dos casos, as pedras nos rins são expelidas sem causar danos duradouros, mas a dor durante o processo pode ser excruciante. As pedras nos rins também podem estar associadas a dores nas costas, dor de estômago, náusea ou vômito, febre e calafrios.

Normalmente, quanto maior for a pedra, maiores serão as dores e os sintomas causados por ela. Em alguns casos, tratamentos agressivos são necessários para remover as pedras e, a cada ano, mais de meio milhão de pessoas vão às salas de emergência dos EUA para tratar o problema.

Após a primeira pedra nos rins, o risco de recorrência aumenta. Cerca de 35 a 50% das pessoas que tiveram pedras nos rins terão outra dentro de cinco anos, a não ser que mudem seus hábitos. Que tipo de mudanças são necessárias? De acordo com as novas diretrizes emitidas pelo American College of Physicians (ACP), uma das estratégias mais simples que se pode adotar é beber mais água.

Manter-se hidratado reduz o risco de recorrência das pedras nos rins

O maior fator de risco para o desenvolvimento de pedras nos rins é não beber quantidades suficientes de água. Caso não beba água suficiente, sua urina terá maiores concentrações de resíduos, incluindo substâncias que podem formar cálculos.

Especificamente, as substâncias formadoras de cálculos incluem cálcio, oxalato, urato, cisteína, xantina e fosfato. Essas substâncias devem ser eliminadas pelo rim através da urina, mas se houver pouco líquido, elas podem se unir para formar uma pedra.

Ano passado, a ACP emitiu novas diretrizes para que as pessoas que já tiveram pedras nos rins também aumentem o consumo de água para produzir pelo menos dois litros de urina por dia, alegando que tal medida pode reduzir pela metade os riscos de recorrência. Para tanto, eles recomendam um aumento no consumo de água durante o decorrer do dia e disseram que tanto a água normal quanto a água mineral são eficientes.

Pesquisas demonstram, por exemplo, que entre pacientes com pedras nos rins, aqueles que aumentam a hidratação para atingir dois litros de urina por dia têm uma taxa de recorrência de 12% em comparação com 27% entre aqueles que não aumentam a ingestão de líquidos.

A National Kidney Foundation recomenda beber mais de 12 copos de água por dia, mas uma forma mais simples de descobrir se você está bebendo quantidades suficientes de água é analisando a cor da sua urina: o ideal é que seja amarela bem clara (quanto mais escura a urina, mais concentrada ela é).

A necessidade de água de cada pessoa é diferente, dependendo de suas necessidades metabólicas e do nível de atividade, mas simplesmente manter a urina clara ajudará bastante na prevenção das pedras nos rins.

Lembre-se de aumentar sua ingestão de água sempre que fizer atividades físicas ou durante dias mais quentes. Caso esteja tomando algum suplemento multivitamínico ou de vitamina B que contenha vitamina B2 (riboflavina), a cor da sua urina será de um amarelo muito vibrante, quase fluorescente, e isso não permitirá que você use a cor da urina como um guia para saber quão bem hidratado está.

Enquanto a água diminui o risco, o refrigerante aumenta

Um ponto importante: nem todo fluido serve para aumentar a produção de urina. Embora a água e a água mineral tenham uma capacidade protetora, o refrigerante está associado a cálculos renais, possivelmente porque o ácido fosfórico que ele contém acidifica a urina, o que promove a formação de cálculos.

Um estudo sul-americano, por exemplo, descobriu que o consumo de refrigerantes agrava algumas condições na sua urina que levam à formação de pedras de oxalato de cálcio. O açúcar, incluindo a frutose (e xarope de milho com alto teor de frutose), também é um problema.

Uma dieta rica em açúcar pode causar a formação de pedras nos rins, pois o açúcar perturba as relações entre os minerais do seu corpo ao interferir na absorção de cálcio e magnésio. O consumo de açúcares e refrigerantes por crianças é um fator importante no motivo pelo qual crianças a partir dos 5 anos agora estão desenvolvendo pedras nos rins.

O açúcar também pode aumentar o tamanho dos rins e causar alterações patológicas no órgão, como a formação das pedras nos rins. De acordo com a Fundação Nacional dos Rins, você deve ficar atento para manter seus níveis de frutose sob controle:

"Consumir muita frutose aumenta os riscos de desenvolver pedras nos rins. A frutose pode ser encontrada no mel e em produtos como o xarope de milho. Em algumas pessoas, a frutose pode ser metabolizada em oxalato."

Então, caso você tome muito refrigerante, é necessário repensar esse hábito. Em um estudo, pessoas com pedras nos rins que cortaram os refrigerantes da alimentação reduziram os riscos de recorrência em cerca de 15%.

As pedras nos rins foram associadas ao aumento do risco de fraturas ósseas

Como mencionado, as pedras nos rins geralmente são expelidas sem complicações duradouras, mas pode haver riscos a longo prazo. As pedras nos rins aumentam o risco de doença renal crônica, por exemplo, e novas pesquisas também mostram que elas podem estar associadas a ossos mais quebradiços.

Pesquisas anteriores sugeriram que pessoas com pedras nos rins têm menor densidade mineral óssea. O novo estudo usou dados de mais de 52.000 pessoas e mostrou que pacientes com pedras nos rins tinham um risco significativamente maior de fraturas ósseas. Especificamente:

  • Homens com pedras nos rins são 10% mais propensos a terem fraturas ósseas
  • Adolescentes do sexo masculino com pedras nos rins têm um risco de fratura 55% por cento maior
  • Mulheres com pedras nos rins têm um risco entre 17% a 52% maior, dependendo da idade (dos 20 aos 60 anos); o maior risco está na faixa etária de 30 a 39 anos

O flúor também está associado a pedras nos rins

Caso você more em uma área com água potável fluoretada (como a maioria dos norte-americanos), pode achar interessante saber que altos níveis de flúor na água estão associados a pedras nos rins. A doença é quase cinco vezes mais comum em regiões com altas quantidades de flúor na água (de 3,5 a 4,9 partes por milhão, ou ppm) do que em regiões similares com baixos níveis de flúor.

No geral, a prevalência de pedras nos rins em locais com alto teor de flúor praticamente dobra. A fluorose dentária, uma condição na qual o esmalte dentário fica progressivamente descolorido e manchado, é um dos primeiros sinais de superexposição ao flúor.

Eventualmente, isso pode resultar em dentes muito danificados ou pior... É importante perceber que a fluorose dentária NÃO é "apenas estética". Ela também pode ser uma indicação de que o resto do seu corpo, incluindo ossos, órgãos internos e cérebro, também foram superexpostos ao flúor.

Em outras palavras, se o flúor causou um efeito visual na superfície dos dentes, você pode ter praticamente certeza de que ele também danificou outras partes do corpo, como os ossos. Um sistema de filtragem de água por osmose reversa pode remover o flúor da sua água.

Exercícios e alimentação moderada são mais duas ferramentas poderosas para prevenir pedras nos rins

Pessoas acamadas ou sedentárias por longos períodos podem ficar mais suscetíveis ao desenvolvimento de pedras nos rins, em parte porque a falta de atividade pode fazer com que seus ossos liberem mais cálcio. Os exercícios também ajudam a tratar a pressão alta, doença que dobra os riscos de desenvolver pedras nos rins.

Até mesmo pequenas quantidades de exercícios podem ser eficientes para reduzir seus riscos. Em um estudo envolvendo mais de 84.000 mulheres na pós-menopausa, foi descoberto que aquelas que se exercitavam tinham riscos até 31% menores de desenvolver pedras nos rins. E essa relação continuou existindo até mesmo para pequenas quantidades de exercícios físicos.

Especificamente, a pesquisa mostrou um risco menor para aquelas que fazem três horas por semana de caminhada, quatro horas de jardinagem leve ou apenas uma hora de corrida moderada. Você encontra aqui minhas recomendações completas sobre exercícios, incluindo como praticar o treino intervalado de alta intensidade (HIIT).

Em termos de alimentação, mulheres que consomem mais de 2.200 calorias por dia têm um risco até 42% maior de pedras nos rins A obesidade também é um fator de risco significativo. Deve-se observar que, embora a obesidade aumente o risco de pedras nos rins, a cirurgia para perda de peso que altera o trato digestivo, as torna mais comuns. Após a cirurgia para perda de peso, os níveis de oxalato ficam geralmente muito mais altos (oxalato é o tipo mais comum de cristal de pedra nos rins).

Mais 3 abordagens alimentares para evitar as pedras nos rins

Já falamos sobre beber muita água e evitar refrigerantes, o excesso de açúcar e a frutose. O que mais pode ajudar a reduzir seu risco?

1. Veja se você está ingerindo magnésio suficiente — O magnésio é responsável por mais de 300 reações bioquímicas em seu corpo, e a deficiência desse mineral está associada a pedras nos rins. Estima-se que 80% dos norte-americanos não consumam magnésio suficiente, e este pode ser um fator principal.

O magnésio é muito importante para a absorção e assimilação do cálcio pelo seu corpo, e se você consumir muito cálcio sem possuir quantidades adequadas de magnésio, o cálcio em excesso pode se tornar tóxico e contribuir para doenças como as pedras nos rins.

O magnésio ajuda a impedir a combinação do cálcio com o oxalato, que, como mencionado, é o tipo mais comum de pedra nos rins. Verduras como espinafre e acelga são excelentes fontes de magnésio, e uma das formas mais simples de garantir que você consuma o suficiente é tomando sucos verdes.

O suco de vegetais é uma excelente fonte de magnésio, assim como alguns feijões, oleoginosas como amêndoas, sementes de abóbora, sementes de girassol e sementes de gergelim. Os abacates também são uma boa fonte.

2. Consuma alimentos ricos em cálcio (mas tome cuidado com suplementos) — No passado, recomendava-se aos pacientes com pedras nos rins que evitassem alimentos ricos em cálcio, pois o cálcio é um componente importante da maioria das pedras nos rins. Porém, hoje existem evidências de que evitar o cálcio pode fazer mais mal do que bem.

A Harvard School of Public Health conduziu um estudo com mais de 45.000 homens, demonstrando que homens com alimentação rica em cálcio têm um terço a menos de risco de pedras nos rins. Parece que a alimentação rica em cálcio bloqueia a ação química que causa a formação das pedras.

O cálcio se prende aos oxalatos (adquiridos através da alimentação) no seu intestino, o que impede que ambos sejam absorvidos pelo seu sangue e transferidos para seus rins. Então, os oxalatos urinários podem contribuir mais para a formação das pedras nos rins do que o cálcio urinário. Mas é importante saber que é o cálcio dos alimentos que reduz os riscos de pedras nos rins, não o cálcio de suplementos, os quais demostraram aumentar os riscos de pedras nos rins em 20%.

3. Evite a soja não fermentada — A soja e os alimentos à base de soja podem estimular a formação de pedras nos rins em pessoas suscetíveis, pois podem conter altos níveis de oxalatos, os quais podem se juntar ao cálcio nos seus rins, formando as pedras. Essa é apenas uma das razões pelas quais a soja não fermentada, o tipo encontrado no leite de soja, hambúrgueres de soja, sorvete de soja e até tofu, não é um alimento saudável.

Se você lesse cuidadosamente os milhares de estudos publicados sobre a soja, acredito firmemente que chegaria à mesma conclusão que eu. Os riscos do consumo da soja não fermentada superam quaisquer possíveis benefícios.

Caso esteja interessado nos benefícios da soja para a saúde, escolha a soja fermentada, pois após um longo processo de fermentação, o fitato (que bloqueia a absorção de minerais essenciais pelo corpo) e os anti-nutrientes da soja (incluindo os oxalatos) são reduzidos e suas propriedades benéficas ficam disponíveis para o sistema digestivo.

Portanto, embora as pedras nos rins possam causar dor, a boa notícia é que há muito o que você pode fazer para reduzir seu risco. Consulte meu plano de nutrição para ter um guia simples sobre que tipos de alimentos consumir para reduzir o risco de pedras nos rins e outras condições crônicas e agudas de saúde.

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